Saíra-apunhalada estampará uniformes escolares em Vargem Alta

O município de Vargem Alta deu um passo além na preservação da saíra-apunhalada ao integrá-la aos uniformes das escolas municipais. A partir de 2025, os alunos da rede pública de ensino vestirão o pássaro como símbolo de orgulho e compromisso com a biodiversidade local.

A imagem da saíra-apunhalada em posição de pouso, juntamente com o brasão de Vargem Alta, será estampada nos uniformes, promovendo a conscientização ambiental e reforçando o papel dos jovens como embaixadores da conservação.

A ideia surgiu durante a formatura da 3ª turma do Programa Ser Mata Atlântica, um projeto desenvolvido pela Prefeitura de Vargem Alta, através das Secretarias Municipais de Educação e de Meio Ambiente, em parceria com a Reserva Ambiental Águia Branca e o Programa de Conservação da Saíra-apunhalada, e tem por objetivo a formação de educadores ambientais para a elaboração de uma disciplina curricular para os alunos do Ensino Fundamental, sobre os ecossistemas, a geografia, a cultura e a história da ocupação do município.

A saíra-apunhalada tem um papel fundamental para o município de Vargem Alta, não apenas por ser uma das aves mais raras e ameaçadas do mundo, mas também como um símbolo de seu compromisso com a preservação ambiental.

A ave é uma das mais raras e ameaçadas de extinção no mundo, foi oficialmente reconhecida como espécie símbolo do município de Vargem Alta, no Espírito Santo.

Endêmica da Mata Atlântica, essa ave emblemática possui uma população de apenas 20 indivíduos conhecidos, restritos à região serrana do Estado capixaba, incluindo Vargem Alta, Castelo e Santa Teresa.

Essa iniciativa reflete o impacto positivo das ações do PCSA e o engajamento da prefeitura com a proteção ambiental. Ao adotar a ave como símbolo, Vargem Alta fortalece sua identidade ecológica e destaca seu compromisso com a preservação da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade e também um dos mais ameaçados.

_{^{Foto: João Linhares}}

"Somos todos saíra-apunhalada" é o lema que une a comunidade e as escolas em torno de um objetivo comum: preservar essa espécie única e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.

O trabalho de educação ambiental e engajamento é conduzido pela equipe do instituto, formada por Valdívia Rocha e Gabriel Lourenço. Eles lideram o projeto 'Passarinhar e Educar', que leva a observação de aves para dentro das escolas, despertando a curiosidade dos estudantes e conectando-os com o mundo das aves. Além disso, participamos ativamente da vida comunitária em Vargem Alta e outros municípios da região, colaborando com conselhos de unidades de conservação e interagindo com as Secretarias de Meio Ambiente e Educação para levar o programa às escolas.

Para Valdívia, com a novidade, os alunos vão se tornar pequenos embaixadores da biodiversidade no município. “Ao vestir o símbolo da saíra-apunhalada, os alunos se fazem embaixadores da nossa biodiversidade, levando a mensagem da conservação para além das escolas. O trabalho de mobilização social e educação ambiental em Vargem Alta tem sensibilizado as escolas e a comunidade sobre a importância de proteger a Mata Atlântica e suas espécies. A adoção deste símbolo pela prefeitura reforça esse compromisso, mostrando o impacto positivo desse trabalho contínuo. Afinal, “Somos todos saíra-apunhalada”, disse.

“O nosso programa atua em diversas frentes, desde a pesquisa para entender melhor a ecologia da saíra-apunhalada, até o monitoramento constante dos grupos da espécie, o que nos permite proteger os ninhos e, consequentemente, garantir o sucesso no aumento populacional dessa ave tão ameaçada. Além disso, investimos fortemente na educação ambiental e no engajamento comunitário, elementos essenciais do programa. Esse trabalho conjunto resultou no reconhecimento pelo município de Vargem Alta, que abraçou a importância da saíra-apunhalada, mostrando um compromisso genuíno em valorizar uma espécie quase exclusiva da região”, afirma Marcelo Renan de Deus Santos, diretor do Instituto Marcos Daniel.

A espécie, registrada pela primeira vez em 1870 e redescoberta em 1998, enfrentou diversas ameaças ao longo dos anos, como a perda de habitat devido ao desmatamento e exploração ilegal de recursos florestais, além dos efeitos das mudanças climáticas e da baixa variabilidade genética. A urgência em proteger a saíra-apunhalada levou à criação, em 2020, do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada (PCSA) pelo Instituto Marcos Daniel, que desde então tem realizado esforços de monitoramento e engajamento comunitário.

A Lei 1.521/2024 institui o pássaro como símbolo do município.